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COLUNA DO MÁRCIO CARVALHO: A escola e a responsabilidade social

Texto 4

O colégio onde leciono as disciplinas de História, Atualidades e Sociologia, encontra-se em uma cidade próxima a região de Capitólio-MG que, nos últimos anos, vem sendo um local de grande desejo do turismo no Brasil. O problema é que com o aumento de turistas na região também gerou um elevado e crescente aumento do lixo depositado ao longo das margens do Lago de Furnas.

Durante uma aula de Sociologia, este problema veio à tona quando debatíamos a relação entre indivíduo e sociedade, nos deparamos com a seguinte questão: o indivíduo é capaz de realizar ações sociais que transformem a sociedade ou a sociedade é do jeito que é e não tem ação que mude esse contexto? Foi a partir dessas reflexões que os alunos se tornaram protagonistas do processo de ensino e aprendizagem construindo um projeto coletivo que visava uma ação social naquele local para coletar o lixo e expor a irresponsabilidade de turistas, de agências de turismo e das prefeituras naquela região.

Realizamos uma visita pedagógica às margens do Lago de Furnas e, após uma breve explicação da história daquele local, os alunos, com luvas, iniciaram uma ação que, em menos de 15 minutos, gerou 20 grandes sacos de lixos. Ao término dessa ação, fizemos uma parada no Mirante de Furnas para a exposição do que havia sido coletado e uma reflexão sobre a atividade realizada. Percebi o espanto e a surpresa, por parte dos alunos, diante aquela enorme quantidade dos mais variados tipos de lixos e resíduos.

No retorno ao colégio, os alunos debateram e refletiram sobre a atividade realizada e, como uma estratégia de solução, criaram uma lista dos itens encontrados, sua composição e quanto tempo demorariam a se desintegrar para serem afixadas nos principais pontos de turismo da região.

Projetos dessa amplitude permitem uma aprendizagem que faça com que o aluno veja a teoria de forma diferente, pois tudo aquilo que foi estudado nos livros, dentro da escola, ganha um novo significado e as questões abordadas dentro de sala de aula apresentam novas respostas ao serem debatidas na ação dos alunos.

A escola e o professor quando assumem uma proposta de conscientização, está contribuindo para a formação crítica e cidadã dos alunos. O aluno precisa sair da zona de conforto e compreender que as teorias assumem um papel muito importante na prática e que, sem elas, seria difícil compreender a realidade em que vivemos.

(Eu sou o Márcio Carvalho, professor transformador, formado em História pela Universidade Federal de Viçosa. Leciono as disciplinas de História, Sociologia e Atualidades, e coordeno um projeto de estudos e práticas pedagógicas interdisciplinares, o GEPISA, Grupo de Estudos e Práticas Interdisciplinares em Sala de Aula.)