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COLUNA DO MAGNO ANDRADE: A pressão escolar e o ensino tradicional

Texto 7

Nos últimos tempos, tenho atendido alguns alunos com aulas particulares. São crianças que não têm se dado muito bem nas provas escolares e cujos pais têm sempre as mesmas reclamações: Meu filho é preguiçoso, não quer nada com a vida, não tem dedicado o suficiente... Porém, ao longo das aulas, tenho me deparado com crianças alegres, inteligentes e extrovertidas e mais: que sabem o conteúdo estudado.

Incomodado com essas situações, comecei a refletir sobre o que poderia estar levando esses estudantes a não terem tanto êxito nas avaliações. Cheguei a duas conclusões: as escolas particulares têm, em sua maioria, mantido a abordagem tradicional de ensino como metodologia; e a família dos alunos mantém uma pressão sobre eles que acaba influenciando negativamente no desempenho escolar.

O ensino tradicional ainda é muito comum em algumas escolas da rede privada e esse viés metodológico pode afetar negativamente a construção do conhecimento dos discentes desta geração. Digo desta geração porque os alunos de hoje são diferentes daqueles que fomos. Estes, que já nascem na era da internet, têm contato com um mundo de possibilidades que não tínhamos outrora. E a escola deve acompanhar essas mudanças sociotecnológicas.

Além disso, os pais de alguns alunos exigem dos filhos um nível de dedicação aos estudos que pode extrapolar o que é saudável. Deve haver um equilíbrio entre estudos e lazer, por exemplo, pois, assim como os adultos se cansam de suas atividades cotidianas, crianças e adolescentes também.

Estes fatos, que têm se tornado comuns na vida de diversos alunos, podem ser um dos motivos que afetam a saúde mental dos estudantes. Cada vez mais, vemos casos de discentes sofrendo de depressão, ansiedade e de outras doenças emocionais e a taxa de suicídios entre os jovens é alarmante, como é possível verificar no Mapa da violência (2014).

Já disse isso algumas vezes e repito: aprender deve ser uma atividade prazerosa. Não podemos sobrecarregar nossos alunos com atividades de um ensino tradicional, que não comtempla as questões de sua época. Os pais devem entender que seus filhos precisam de descanso e lazer. A saúde mental das crianças e adolescentes deve estar em primeiro lugar, pois, assim, preservaremos a qualidade da sua aprendizagem.

Que possamos influenciar momentos escolares alegres na vida de nossos discentes para que eles tenham o melhor aproveitamento dessa etapa da vida!

(Eu sou o Magno Andrade, um jovem professor transformador e fora dos padrões, que acredita que uma educação pública, democrática e de qualidade é direito de todos e fonte para uma mudança social.)