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COLUNA DO LUIZ RIBEIRO: Professor, me dá uma chance?

Texto 20

Nesse tempo de fechamento de notas e diários, as piadas dos professores e os dramas dos alunos sobre a necessidade de alguns pontos para passar de ano são correntes e, aparentemente, inevitáveis. Não o seria diferente na minha prática docente. Mas o que fazer quando o aluno pede um ou dois pontos para completar o semestre/ano? O que fazer ao lançar as notas e perceber que aquele aluno com extremas dificuldades, mas ativo em sala de aula, não conseguiu a média e será reprovado?

Se, de um lado, temos a preocupação com o alcance das médias escolares e a comparação com o rendimento dos demais alunos que alcançaram e superaram as notas mínimas para aprovação, por outro, temos o aluno que, por muitas questões, não conseguiu e, muitas das vezes, está na nossa frente, no nosso e-mail, pedindo uma chance. O que fazer?

Sei que é um assunto difícil de discutir, uma vez que tanto há aqueles que defendem a complementação da nota, outros que propõem trabalhos complementares, outros ainda, já na prevenção do assunto, vão somando trabalhos extras ao longo do ano e do semestre. Há aqueles que são tratados como carrascos, pois reprovam por menos de um ponto, inflexíveis; alguns ainda reprovam boa parte da turma por causa de décimos, sem chances, com muito choro, numa tentativa de fazer com que o próximo semestre seja mais valorizado pelos alunos, e mantendo sua fama de professor rígido, da matéria difícil e que deve ser respeitado.

Essa discussão tangencia alguns pontos sobre os quais temos discutido aqui no espaço da rede Professores transformadores há algum tempo. Transformar se faz afetivamente, com foco no conteúdo, ou na forma cobrar nas avaliações? Se ações rígidas de não completar a nota podem gerar transformação dos alunos, aquelas que dão uma chance aos alunos também podem funcionar.

O problema ainda está no resultado que essa ação pode dar ao aluno. Na minha experiência docente vejo isso de duas formas. Alunos que mudam a conduta quando são ajudados e alunos que persistem nas suas condutas mesmo quando não o são. O que faço? Sinto que é necessário conhecer meus alunos, as formas como se relacionam com o conhecimento e se minhas ações repercutem positivamente ou negativamente na sua vida acadêmica. Já tive alunos que me agradeceram por terem sido reprovados, assim como alunos que realmente transformaram suas condutas ao receberem uma chance. É na relação afetiva e na flexibilidade que tenho conseguido alcançar a transformação, mas sei que existem outros caminhos que podem dar resultados também.

(Eu sou o Luiz Ribeiro, colunista da rede Professores transformadores. Nas andanças pelas estradas de Minas, me situo como psicólogo e doutor em Educação. Acredito que ser um professor transformador seja crer no potencial da educação para a melhoria do mundo.)

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