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COLUNA DA VIVI VIEIRA: Vamos falar sobre autoavaliação?

Texto 5

O final do semestre se aproxima e chegou a hora das grandes avaliações de fechamento do bimestre, do trimestre ou mesmo do semestre.

Dentro dessas avaliações, você, professor, reservou algum tempo para uma autoavaliação com seus alunos?

Abrir o diálogo para conversar sobre a autoavaliação é um momento interessante, que traz benefícios valiosos a todos. O aluno toma consciência do seu percurso de aprendizagem, avalia suas atitudes e se responsabiliza por elas. E nós, professores, abrimos um leque de estratégias para ajudá-lo cada vez melhor.

Temos que tomar cuidado para não tornar a autoavaliação um momento de apenas “preencher o papel que o meu professor me entregou”, pois, dessa forma, os alunos costumam escrever ou dizer apenas o que o professor quer ler ou ouvir.

É importante definir os critérios que serão avaliados, e que esses sejam construídos com a participação dos alunos. Após esse movimento, o professor e o aluno devem refletir sobre os mesmos critérios levantados, o que significa que ambos vão fazer a mesma avaliação e, juntos, conversar sobre ela.

O mais importante, após essa reflexão, é criar estratégias e metas para superar dificuldades ou para aprimorar o que está bom, caso contrário, esse momento será em vão.

Definindo as metas e as estratégias, junto com o aluno, estabeleçam prazos para ajudá-lo a se organizar. Não se esqueça de que a criança e o adolescente se sentem perdidos quando precisam exercitar uma mudança de hábito. É importante também não perder de vista o que foi combinado ao longo desse prazo. Deixar essa conversa apenas para o próximo fechamento das avaliações provavelmente causará poucas mudanças de atitudes e, mais uma vez, esse rico momento será desperdiçado, pois o aluno não conseguirá perceber toda riqueza do aprender que essa situação realmente representa.

Um mesmo movimento também pode ser feito na Educação Infantil. As crianças podem usar da oralidade para expor em que podem melhorar e o que pode ser mudado dentro do espaço educativo. Nesse caso, o professor deve fazer um exercício de escuta ainda maior, pois tende a intervir quando há alguma exposição do aluno, e eles podem acabar dizendo exatamente o que se quer ouvir.

Outra forma de autoavaliação na Educação Infantil é analisar o portfólio. É muito bacana o aluno poder ver suas produções iniciais e as mais recentes, compará-las e, assim, perceber sua própria evolução.

Em qualquer idade, a autoavaliação traz benefícios, como o autoconhecimento, e ajuda na autorregulação. Além disso, pode ser uma oportunidade interessante para fortalecer o laço entre professor e o aluno. É o momento de elogiar pontos positivos dos alunos, que, às vezes, não temos tempo de dizer, engolidos pelo dia a dia: falar que aquele aluno é ótimo e expressar o quanto estamos orgulhosos com seu empenho; que aquele outro aluno, que tem muita dificuldade em sua disciplina, é muito talentoso em outras áreas. Enfim, a lista de benefícios é grande, mas acredito que o maior deles é o aluno enxergar que o professor é aquele que estará ali para ajudá-lo na conquista de sua autonomia.

(Eu sou a Vivi Vieira, mãe e professora. Pedagoga e psicopedagoga, formada pela Universidade do Vale do Paraíba / Univap. Atualmente, sou coordenadora pedagógica da Espiral Escola Viva. Trabalho também como formadora de professores, coordenadores e diretores pelo Brasil.)