Há muito tempo venho questionando essa terminologia: professor polivalente. Dentro da Pedagogia, o professor polivalente é aquele capaz de compartilhar saberes de qualquer área do conhecimento que faça parte de um currículo dentro da Educação Infantil ou da Educação Básica.
Recorrendo ao dicionário, a palavra “polivalente” significa: “que apresenta múltiplos valores ou oferece várias possibilidades de emprego; multifuncional; que executa diferentes tarefas; versátil; que envolve vários campos de atividade; serve para diversos fins etc.”.
Ler o significado da palavra no dicionário me trouxe a sensação de que o professor é um “deus” que sabe de tudo um pouco. Ainda bem que não somos!
Somos seres humanos em eterno processo de aprendizagem. Faz todo sentido o termo da “polidocência”, levando em consideração a realidade que, hoje, o professor ocupa em muitas escolas – um único professor precisa dar conta de todas as áreas do conhecimento. Só que não precisa necessariamente ser dessa forma. A cultura arcaica de nossa educação coloca o professor nesse lugar da polivalência, mas, na verdade, está o colocando em um pedestal que não faz bem a ele, à turma que ele leciona e, muito menos, à escola que pertence.
Tenho buscado ser e agir como outro perfil de professora polivalente, que está aberta a dizer que não sabe, a buscar conhecimentos, a pesquisar e a compreender que há outro colega que sabe muito mais de Língua Portuguesa do que eu, por exemplo, e que posso aprender muito com ele.
Apesar de pedagogos formados, é natural “puxarmos sardinha” para uma área que nos agrada. Mas seria muito rico se pudéssemos aprender com os colegas, pedagogos ou especialistas, as áreas que não sabemos tão bem ou que não nos aprofundamos tanto.
E também não há problema algum em dizer ao aluno que não sabemos determinado assunto, mas que estamos dispostos a conhecer e até mesmo a aprender juntos (professor e aluno). Precisamos sair desse lugar da divindade e encarar essa relação de aprendiz que tanto nos faz crescer como docentes.
Hoje, enxergo o professor polivalente como aquele que está disposto a aprender – com alunos, com colegas de trabalho, com a internet, com o mundo – qualquer assunto que possa ser compartilhado e socializado com os alunos, e não transmitido. É aquele professor que se abre para o novo, sem amarras de vaidade ou do não saber. Que sejamos eternos aprendizes!
(Eu sou a Vivi Vieira, mãe e professora. Pedagoga e psicopedagoga, formada pela Universidade do Vale do Paraíba / Univap. Atualmente, sou coordenadora pedagógica da Espiral Escola Viva. Trabalho também como formadora de professores, coordenadores e diretores pelo Brasil.)
