Eu sou apaixonada por cactos e suculentas. No computador, prestes a escrever este texto, paro um minuto, olho para frente e lá estão eles, no aparador da sala. Cada um de um jeito: pontudos, espinhentos, mais macios, mais “gordinhos”, mais altos, mais baixos. Cada um, em sua diferença, requer uma atenção e um cuidado singular de mim. Esse cuidado serve para oferecer o que cada um precisa individualmente, para ficarem sempre fortes, saudáveis e bonitos, e para me proteger dos espinhos! Ah, alguns possuem muitos espinhos que podem ferir.
Nas nossas salas de aula também acontece isso. Essa heterogeneidade bonita, às vezes, difícil de lidar, mas, indubitavelmente, enriquecedora para ambos os lados, se é que existem lados... Eu tenho e cuido de suculentas há anos. Por incontáveis vezes, as perdi, por não conhecer as espécies, a quantidade de água que precisavam e mesmo o sol, energia vital, a que podiam ficar expostas. Com elas e com os nossos alunos, é preciso cuidado. No manejo, no estudo, no respeito à individualidade, para não nos machucar nos espinhos, na observação certeira do todo e do uno.
Perder, errar, arrepender-se, voltar atrás... Precisamos nos permitir, nos perdoar, para, assim, buscar o caminho de volta, o necessário. Se soubermos fazer isso, nossos alunos também o saberão. A terra é fértil, nos chama sem parar, nos grita! Privilégio nosso. Fazemos parte do caminho deles, seja em que fase for. Quando florescerem, estaremos lá, naquela terra bem semeada, naquela palavra de carinho, no apoio quando os espinhos feriram, no colocar e retirar do sol na medida da necessidade de cada um. Esse é o nosso trabalho, honrado, magnífico: auxiliar a desenvolver, a ser, a construir, florescer!
(Eu sou a Níblia Soares, colunista da rede Professores transformadores. Sou professora de crianças que acredita na educação positiva e na afetividade como parte do processo de aprender. Mãe! Pedagoga, psicopedagoga e especialista em Psicanálise, transformo vidas diariamente. Essa é a minha paixão.)
