Ser professor nos dias atuais tem sido extremamente desgastante e a causa são todos os problemas já atribuídos à educação brasileira e que afetam toda a estrutura de uma Secretaria de Educação: desde alunos indisciplinados, professores desmotivados, salários baixos a gestores extremamente cobrados que, por sua vez, cobram ainda mais das equipes escolares. É um círculo vicioso e, quando chega o fim de um semestre, é possível sentir, em toda a unidade escolar, o desgaste de todos.
Os olhares são de cansaço. A respiração é pesada e os passos lentos. É o corre-corre com os diários de classe para fechamento das notas e a “hora dos desesperados” (aquele momento em que alguns alunos correm atrás de recuperar a nota).
Não deveria ser assim. É o fechamento de um ciclo, é o meio do ano letivo, mas muitos já não veem a hora que se acabe. São raras as exceções.
Então, professor, este é um momento de aproveitar a pausa para descansar e recarregar as energias. De cuidar da saúde e de estar verdadeiramente com a família e com os amigos. De fazer o que nos dá prazer. Assim, é possível que nos sintamos mais fortes e até que façamos uma reflexão mais cuidadosa sobre nossas práticas docentes, nossos projetos em andamento. Com fôlego retomado, é mais viável pensar em uma autoavaliação sobre o nosso trabalho, sobre nossos objetivos com cada turma. Isso porque é preciso que, durante o ano letivo, resgatemos nosso valor e o valor de nosso trabalho.
Que sejamos capazes de usar essa pausa, vinda com o recesso escolar, para recarregar nossas energias, refletir e nos contagiar de um ânimo que, no próximo semestre, poderá contagiar todos a nossa volta, principalmente nossos alunos.
(Sou a Gisele Magalhães. Mulher, negra, mãe, artista, produtora cultural e professora de Arte. Pertenço aos 0,1%, segundo o censo do MEC, de 2013, de professores da rede básica de ensino formados em Teatro e acredito na força dessa arte na formação do indivíduo e construção de sua autonomia.)
