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COLUNA DA ELÔ LEBOURG: Começando do começo

Texto 78

Atualmente, trabalho como professora substituta do Departamento de Educação da Universidade Federal de Ouro Preto. Sou professora da graduação em Pedagogia e também dou aulas para algumas turmas nas licenciaturas. Faz pouco mais de seis meses que comecei a viver essa experiência e ela tem sido mesmo intensa.

A cada novo semestre, tenho lecionado para turmas, disciplinas e cursos diferentes, o que tem exigido muito de mim. Além de estudar bastante, a todo tempo preciso me adaptar: as turmas e cursos têm necessidades muito específicas, e cada disciplina requer que eu lide com ela de uma forma determinada. Ainda estou me acostumando com essa nova rotina, que, às vezes, chega a ser extenuante.

Foi nesse contexto que recebi a notícia de que, no nosso próximo semestre letivo, que começa no dia 12 de março, irei ministrar a disciplina de Introdução à Educação para a turma do 1º período do curso de Pedagogia. Quando vi meu nome no quadro dos encargos didáticos associado a turma que está ingressando no Ensino Superior, gelei de medo.

A princípio, é possível pensar que uma turma que está iniciando sua jornada pela graduação não exija tanto esforço teórico por parte dos professores. Por outro lado, a chegada à universidade é um momento importante nas vidas de cada um dos estudantes. É preciso recebê-los com calma e cuidado.

Ao ouvir meus outros alunos sobre suas primeiras experiências na graduação, tenho aprendido o quanto o acolhimento logo na chegada é fundamental. Boas e más atuações de professores são marcantes, sobretudo nesse começo, quando os estudantes ainda estão se acostumando à nova realidade, e essas lembranças os acompanham ao longo de sua formação. Estabelecendo um paralelo com a Educação Básica, creio que as ansiedades dos calouros, de certa forma, me lembram as dos estudantes do 1º e do 6º anos, que estão experimentando um novo momento de sua trajetória escolar e que, por isso mesmo, tendem a necessitar de um olhar generoso acerca de suas primeiras dificuldades.

É necessário compreender que eles ainda não estão familiarizados com a realidade do curso e que é preciso ajudar nesse processo de conhecer como funciona uma graduação. Será que esses novos alunos sabem o que é uma resenha? Será que já fizeram um fichamento? Estão acostumados com uma aula que dura, em média, duas horas? Sabem como funciona um debate embasado teoricamente? Como um texto acadêmico deve ser lido? Já terão participado de um grupo de estudos? Afinal, será que sabem, de fato, o que é um curso de Pedagogia? E o campo da Educação, meus novos alunos compreendem do que se trata? São muitas questões, muitas mudanças na vida de cada um desses novos estudantes. É preciso contribuir para que eles comecem a entender o que se passa com certa suavidade e segurança.

Meus novos alunos estão iniciando a graduação em Pedagogia e eu, de certa forma, começo junto com eles. Será minha primeira experiência como professora de calouros. Tenho pensado muito em como, de minha parte, as nossas aulas serão construídas. Ao me preparar para a chegada desses estudantes à minha vida e à universidade, já escolhi quatro boas companheiras para o próximo semestre: escuta, paciência, empatia e orientação. E, claro, a certeza de que todos vamos aprender muito uns com os outros.

(Eu sou a Elô Lebourg, idealizadora do Professores transformadores. Entre tantas coisas, sou historiadora e mestra em Educação. Sou uma professora transformadora também, dessas que acredita que vai mesmo melhorar o mundo.)